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Notcias / Entrevista da Semana 6o1x2w

17/07/2022 s 08:00 4s563b

Apenas 9% das pessoas com esquema vacinal completo contra covid-19 vo parar na UTI o1h2a

Vacina reduz em 10 vezes chance de morte, mas boa parte da populao ainda opta por correr o risco de ser alvo do vrus 23202b

Dbora Siqueira

Apenas 9% das pessoas com esquema vacinal completo contra covid-19 v

Foto: Leiagora

A pandemia do covid-19 no acabou e talvez nem acabe, teremos que aprender a conviver com as mutaes e o poder de estrago que o vrus pode fazer. Por ora, a melhor arma para combater o coronavrus so as vacinas disponibilizadas na rede. Contudo, muitos no tomaram ou se recusam a completar o esquema vacinal conforme a faixa etria.

A teimosia tem custado caro, houve aumento dos casos e das internaes. Mais de 90% dos que esto na UTI lutando pela vida no tomaram todas as doses ou sequer iniciaram o esquema vacinal. Uma parcela bem menor, de 9% a 10% esto com esquema vacinal completo.

Nesta entrevista, Juliano Melo, secretrio adjunto de Ateno e Vigilncia Sade da Secretaria de Estado de Sade (SES), comenta sobre a reduo de at 10 vezes chances de morrer de covid-19, com as doses certas no brao, dentre outras informaes.

Confira abaixo a ntegra da entrevista:

Leiagora Os casos de covid-19 voltaram a crescer em Mato Grosso e no pas. Isso j era esperado ou foi uma surpresa?

Juliano –
A gente j tinha um cenrio que era muito provvel de que haveria novos aumentos de casos, considerando que a gente tem uma gama de variantes surgindo a o tempo todo, como aconteceu j nas outras duas vezes e impactar no quantitativo de casos, como ocorre agora.

A gente sabe que esse delay entre uma onda e outra, ele ainda um delay curto porque o vrus circula muito forte ainda no mundo e isso faz com que esse vrus se adapte muito rpido. Por isso a importncia da vacinao porque ela diminui esse volume de transmisso e a essa lacuna de tempo se estende mais at chegar a um ponto, de talvez a gente no precisar tomar essa dose de vacina com tanta frequncia.

Leiagora A Prefeitura de Acorizal deu frias coletivas de 11 de julho a 29 de julho como forma de segurar o aumento dos casos. Esta uma das formas que os municpios podem adotar para segurar uma nova onda da doena?

Juliano –
Eu no sei te dizer se isso uma receita vlida porque a gente teria que analisar toda a proposta. S as frias coletivas como uma ao de conteno no uma ao. Agora, pode ser que ele tenha implementado uma srie de outras em relao ao isolamento domiciliar, em relao testagem, ao diagnstico precoce, ao servio de busca de contato. Pontualmente no tem nenhuma das aes que vo ser efetiva a no ser a vacinao.

Leiagora H riscos de voltar as medidas mais rgidas como obrigatoriedade do uso de mscaras, suspenso de aulas, restrio de horrios?

Juliano –
Sempre possvel. Se a gente for analisar que o vrus em si do covid-19, ele tem uma capacidade de mutao muito alta. At agora tem variantes que so sensveis vacina. Isso quer dizer quanto mais a gente vacinar, menor vai ser o volume de transmisso e menor vai ser a chance da gente ter que voltar essas medidas especficas. Obviamente a gente no est isento de ter uma variante dessa que no imunosensvel e a, obviamente, o impacto na sade pblica deve ser muito maior.

Leiagora Ento a variante o determinante para isso?

Juliano –
Sempre. Assim como pode surgir em qualquer momento outro vrus respiratrio qualquer que seria como o covid e gerar uma nova pandemia, gerar um novo processo.

Isso acontece temporalmente, a gente tem na histria mundial que em torno de dez anos de lacuna, entre uma pandemia e outra. O que a gente vem percebendo que tempo vem diminuindo, talvez pela velocidade de circulao das pessoas no mundo, que aumentou muito. Mas a gente sempre se prepara para uma possibilidade de ter uma nova pandemia em algum outro momento e, se precisar, implementar novas medidas, o que no caso agora.

Leiagora Recentemente, a secretaria de sade notificou 124 municpios de Mato Grosso sobre a situao de risco relacionada covid-19. Cabe ao estado distribuir as vacinas e os municpios vacinar. O que o estado pode fazer para que de fato haja aumento da cobertura vacinal?

Juliano –
Os municpios normalmente j tm uma estratgia bem ativa na vacinao. O que a gente est percebendo uma baixa procura do cidado pra buscar essa vacinao. Obviamente, tem municpios que precisam fazer aes fora do ambiente de vacinao, buscar na escola, fazer parceria com centro de idosos, entre outros, para que ele melhore seu ndice em si. Isso uma conduta padro dentro do programa, inclusive.

Ento, os municpios que tm essa dificuldade precisam aperfeioar. Contudo, a grande maioria dos municpios fez os diferenciados, drive-thru e facilitou de uma srie de formas a vacinao.

Comeamos com uma procura muito grande, at briga em relao disponibilidade e hoje a gente est num cenrio que as pessoas talvez entendam que tomar uma dose ou duas doses j est protegido e que no precisa completar o esquema. Est dificultoso para que essa populao volte ao posto de sade e importante deixar claro que o esquema vacinal completo a dose disponvel no momento para aquela faixa etria.

Leiagora Antes as pessoas queriam furar a fila da vacina, depois escolher a vacina, agora no querem a vacina. O que o senhor acha que aconteceu?

Juliano –
Eu ainda acredito que as pessoas acham que uma dose ou duas doses so suficiente para proteger, ento h uma desinformao porque o esquema completo pra essa pessoa a dose disponvel para vacinao.

Hoje ns j estamos na quarta dose para alguns pblicos, que o maior de 40 anos. Este o grupo mais vulnervel para internar mesmo tendo tomado trs doses. Esto evoluindo para internao e bito, tanto que ns estamos com mais de 80% de ocupao dos leitos de UTI covid.

Todos ou praticamente todos esses pacientes so mais de 60 anos e tem comorbidades e tomaram muitos dele duas doses, at trs doses, at as quatro doses. Se a pessoa tem o esquema completo est entre 9% e 10% das internaes.

Leiagora Ento mais de 90% dos internados atualmente no tm esse esquema completo?

Juliano –
A gente acha que a questo do entendimento do que um esquema completo. Tem gente que acha que uma ou duas doses so suficientes para estar protegido. Por outro lado, existe desde o incio da pandemia muita dificuldade no alinhamento de gesto entre governos.

Desalinhou muito em momentos que no poderamos, gerou muitas dvidas e abriu espao para aquele grande pblico, que at ento j existia, mas no era to vigoroso, que esse pblico antivacina. Esse pblico mais radical o Brasil sempre teve, mas eu acho que esse desalinhamento propiciou que esse grupo ganhasse fora e flego e teve impacto na vacinao aqui em Mato Grosso

Leiagora As fake news ainda prejudicam a vacinao?

Juliano –
As fake news so fruto do processo de desalinhamento e comando.

Para ser bem prtico, uma vez que voc tem uma autoridade importante na sade pblica e sanitria, o presidente ou o secretrio de sade, qualquer um deles, que no falam na mesma linha dentro do momento crtico de crise, gera uma certa dvida. Esse ambiente de dvida propicia surgir fake news.

Agora, depois de dois anos, com a vacina, isso vem diminuindo um pouco, mas ainda forte. Tem aqueles que acham que tomou uma dose e acha que est protegido e 9% a 10% dos internados j estavam com o esquema completo.

A vacinao no a segurana 100% do Super-Homem. Existe um risco, obviamente ns estamos falando de um risco quase dez vezes menor de evoluir pra uma internao do que aquele que no completou o esquema.

Leiagora O nmero de leitos da covid foi reduzindo aos poucos e agora j est novamente batendo na casa dos 80% de ocupao. Eles sero retomados novamente?

Juliano –
A gente separa um pouco dos leitos covid, que esse que divulgado, e lembra que existe toda uma rede SUS que no carimbada especificamente covid, mas que interna.

Vou dar um exemplo, o Hospital So Mateus ou a Amecor, eles tm quatro pacientes internados de covid na UTI deles e no est dentro desse de leito de covid, que s SUS. Existe toda uma rede por trs que absorve esses casos.

O que a gente vem percebendo que o leito exclusivo de covid, apesar de estar nos 80%, por enquanto, por esses dias deu uma estabilizada. A gente observa que se isso aumentar ou exigir mais, ns vamos fazer os movimentos e ampliar esses leitos para adequar, para acomodar. Mas eu venho observando que esses pacientes esto procurando a iniciativa privada, esto internando, ou em hospitais pblicos municipais ou regionais que no esto no . No s entra as unidades pactuadas com o Estado para usar a covid.

Leiagora Qual o custo de um leito covid em relao ao leito normal em enfermaria e UTI? Tem muita diferena?

Juliano –
A diferena a organizao do o. Quando eu digo que eu tenho 10 leitos ou 30 leitos covid no Metropolitano, o o apenas a esse paciente de covid. Ento ele vem com diagnstico. Se o municpio que detectou no tem mais leito, no tem espao para esse paciente ficar, a pede a vaga e ele transferido para c.

Leiagora Cuiab est sofrendo com a falta de mdicos na rede bsica. Isso est impactando na alta complexidade com pessoas sendo internadas com casos mais graves de outras doenas? No Hospital Estadual Santa Casa, por exemplo?

Juliano –
A Santa Casa no um hospital para Cuiab, atende todo interior e mais de 50% dos seus pacientes so regulados. Mas eu posso te afirmar que os problemas na ateno bsica e na ateno secundria, principalmente quando eu dificulto o o por falta de mdico, complica a situao de qualquer paciente.

Um paciente de covid que se eu deixar dois, trs dias sem atendimento, ele pode evoluir para uma gravidade sem o atendimento adequado, e vai chegar pedindo vaga para UTI, numa situao pior do que estava. Sem dvida, acaba impactando no Estado depois de forma direta e at indireta.

Se o paciente chega numa UPA e no tem condies de ser atendido por algum motivo, ele volta para casa, ele vai ficar muito mais debilitado at chegar num ponto que ele tem que ser estabilizado num leito de semi-intensivo e pedindo vaga para uma UTI. Toda vez que a gente v paciente pulando da UPA ou do PSF direto pra UTI que houve algum problema.

Leiagora A pandemia vai acabar ou s vamos aprender a conviver com ela?

Juliano –
A nossa histria tem pandemias e endemias que foram se misturando no tempo, isso no tende a acabar.

Tivemos o H1N1, a endemia da dengue. O covid-19 se destacou por ser um vrus com uma capacidade mutante muito grande e de transmisso muito intensa e se destacou na srie histrica.

O mundo hoje circula numa velocidade muito grande, ento de um dia pro outro a gente consegue transferir esse vrus da sia para Amrica do Sul. Eu acho que no h uma possibilidade da gente conviver na nossa histria sem pandemias.

O que preciso dizer que as pandemias sempre vo impactar a nossa sociedade, e quanto a isso ns precisamos aprender a conviver.

Antes do covid, quem estava gripado j havia recomendao de usar mscaras e lavar as mos, j existia isso. As outras pandemias que o mundo teve ensinaram que um processo natural, vai ter que aprender a fazer isolamento, vai ter que aprender a tomar medidas pessoais, vai ter que confiar nos servios pblicos, principalmente, que quem normalmente d conta na pandemia, porque no o privado. Essa uma situao clara que temos que confiar mais no SUS e melhorar esse sistema para que ele responda melhor num outro momento.
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