A elevao de 1 ponto percentual da taxa Selic (juros bsicos da economia) recebeu crticas do setor produtivo.Segundo entidades da indstria, do comrcio e centrais sindicais, os juros de 14,25% ao ano, no maior nvel em quase dez anos, prejudicam a recuperao da economia e ameaam o emprego e o consumo.
Em nota, a Confederao Nacional da Indstria (CNI) destacou que a deciso do Comit de Poltica Monetria (Copom) do Banco Central (BC) no tem outros efeitos alm de prejudicar a economia. Segundo a entidade, a taxa alta desconsiderou a queda do dlar e da cotao do petrleo no mercado internacional, fatores que ajudam a segurar a inflao.
“Outros fatores vo contribuir para a reduo da inflao e, por isso, no poderiam ter sido desconsiderados pelo Banco Central em sua deciso, avalia a CNI. Um deles seria a valorizao cambial. O dlar, que fechou 2024 a R$ 6,19, ou a R$ 5,68, em 18 de maro de 2025."
O segundo a queda no preo do petrleo, com o valor do barril Brent caindo de US$ 85, em outubro de 2024, para aproximadamente US$ 70, em maro de 2025, destacou a CNI.
A Associao Paulista de Supermercados (Apas) pediu mais “parcimnia” ao Copom para calibrar melhor a poltica monetria e no prejudicar a economia.
“O Brasil j possui uma das maiores taxas reais de juros do mundo e, com a recente calibragem da Selic, torna ainda mais difcil fomentar o nvel de investimento necessrio para o pas se manter competitivo internacionalmente neste cenrio de neoprotecionismo. Alm disso, os efeitos sobre os empregos e sobre o consumo das famlias so deletrios”, ressaltou a associao.
Apesar do impacto sobre o consumo, a Associao Comercial de So Paulo (ACSP) considerou quea deciso do Copom veio em linha com as expectativas do mercado financeiro. Para a entidade, o BC ter de aumentar os juros enquanto os gastos do governo estiverem altos. "Apesar da reduo da cotao do dlar, houve acelerao da inflao, que se mantm acima da meta anual, num contexto de incertezas fiscais e expectativas inflacionrias ainda desancoradas, justificando uma poltica monetria mais contracionista”, afirmou a entidade.
Centrais sindicais
O aumento dos juros tambm foi criticado pelas centrais sindicais. Em nota, a Confederao Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central nica dos Trabalhadores (Contraf-CUT) considerou que a deciso aumenta o aperto financeiro sobre a populao.
“H anos o Brasil mantm uma taxa bsica de juros abusiva e que, alm de influenciar nas altas taxas de juros de todo o sistema bancrio, somente beneficia um pequeno grupo de rentistas. A ltima queda na Selic foi em maio do ano ado, que j estava num nvel absurdo, de 10,50%”, destacou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira.
Em nota, o presidente da Fora Sindical, Miguel Torres, destacou que o Banco Central no mudou a poltica monetria sob a gesto do novo presidente, Gabriel Galpolo.
“A atual poltica econmica est destoando dos anseios da classe trabalhadora. Elevar os juros nesse momento traz mais incertezas. A deciso trar efeitos negativos sobre a criao de empregos e renda. Os juros continuam proibitivos e o Brasil perde outra chance de apostar na produo, no consumo e na gerao de empregos”, diz Torres na nota.
Agncia Brasil